terça-feira, 1 de abril de 2014
Rachel e o pronome oblíquo
A grande escritora cearense Rachel de Queiroz (1910-2003), responsável por sucessos de nossa literatura, como O Quinze, Memorial de Maria Moura e João Miguel também trabalhou como jornalista, escrevendo crônicas para jornais como O Povo de Fortaleza, O Estado de S.Paulo e a extinta revista O Cruzeiro.
Em uma crônica publica no jornal O Estado de S. Paulo em 1996, ela nos conta o seguinte:
"Me lembro de certa vez, quando colaborava no finado Correio da Manhã. Vi devolvida, riscada a lápis vermelho, uma frase iniciada por pronome oblíquo: 'Me parece...' O papel me voltou rodeado por um círculo vermelho, como um sol de fogo. E quem o traçara fora o próprio secretário do jornal, o dr. Costa Rego em pessoa. Meninas são atrevidas e eu ousei obtemperar (em lápis azul): 'Mas o Mario de Andrade escreve assim...' 'A senhora não se chama Mario de Andrade, corrija o texto.' Com mão de revolta corrigi o texto para 'Parece-me...' Acho que foi nesse dia que se agravou o meu surto comunista. Mas, revoltada embora, quem ousaria, naquela redação, discutir (principalmente português!) com o mestre Costa Rego?" (O Estado de S. Paulo, 16/11/1996)
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