quarta-feira, 23 de julho de 2014
Nada como um dia depois do outro...
Num mercado de escravos em Campinas, no fim da década de 1830, um molequinho de oito anos estragava a venda de um lote de escravos. Um abastado comprador, recusava-se a fazer lance, por julgar que o pequeno não interessava e até prejudicava o negócio do lote.
Afinal, como o vendedor insistisse muito, ele resolveu fazer algumas perguntas ao garoto, a ver se encontrava nele alguma qualidade recomendável para efetuar a compra:
- Onde nasceste?
- Na Bahia- respondeu timidamente o pretinho, refugiando-se no meio dos seus companheiros de infortúnio.
- Baiano... Nem de graça!- declarou o fazendeiro.
E afastando-se:
- Já não foi por bom que te venderam tão pequeno!
Trinta anos depois, em São Paulo, Luiz Gama (1830-1882)- pois o pequeno não era outro senão o grande advogado, escritor e jornalista, uma das maiores figuras da campanha abolicionista- fez relações de amizade com o tal fazendeiro, que era o conde de Três Rios (1821-1893). E o velho titular que o recusara como escravo, orgulhava-se, então, de tê-lo como um dos seus melhores amigos.
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