sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O mais perspicaz dos dois

Victor Hugo andava em certa ocasião viajando na Bélgica. Um dia, à mesa redonda, outro viajante que não o conhecia nem mesmo de vista, disse-lhe: -Aposto que o senhor é francês. -E sou, com efeito; mas como adivinhou? -É que o senhor come muito pão. Terminado o jantar, o poeta disse por sua vez ao perspicaz viajante: -Pois eu também apostaria que o senhor é alemão. -E ganharia a aposta. Mas como adivinhou? -É que o senhor come muito de tudo...

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Célebres e excêntricos

"Tout le monde a sa folie", todo mundo com sua mania. Grandes gênios da literatura e pintura, quando se dedicavam a produção de suas obras, faziam coisas normais ou bem estranhas. Todos estes citados são franceses. Sabe-se que Balzac não se sentava à mesa para produzir as suas páginas modelares, sem se vestir de monge. Victor Hugo escrevia de pé, em cima de uma alta carteira, as suas belas e originais páginas. Girodet, célebre pintor francês, só trabalhava à noite, e, para isto, acendia os lampadários da oficina e punha à cabeça um enorme chapéu em que colocava velas de cera; e nessa atitude cômica, pintava horas seguidas. Voltaire, durante o tempo que escrevia as suas páginas imotais, fazia largo uso do café. Buffon, matemático e escritor, trajava-se a rigor, como se fosse para um baile, quando tinha que encetar qualquer produção. Na imagem, caricatura de Balzac vestido de monge...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Ninho nas nuvens

Essa historinha, contada por Lygia Fagundes Telles, eu retirei do Portal literal, numa entrevista concedida por ela à Carta capital. Na faculdade de Direito, Lygia conta, era possível improvisar sobre uma canção em voga durante a Segunda Guerra: "Quando se sente bater no peito heroica pancada, deixa-se a folha dobrada enquanto se vai morrer." A partir da canção, suas colegas (eram seis na heroica classe de Lygia) chegavam a paródias como esta: "O menino que eu namoro e que me quer muito bem tem um sorriso que encanta, quinhentos contos também." A escritora ainda se lembra, com uma gargalhada, do versinho que Cecília Meirelles lhes deu sobre a surrada melodia: "Passarinho ambicioso, nas nuvens fez seu ninho, quando as nuvens forem chuva, pobre de ti, passarinho."

Lição de anatomia do Dr. Bilac

Eita, lá vem esse garoto com outra pintura! Calma, que o causo dessa vez é interessantíssimo. O quadro A lição de anatomia do Dr. Tulp pintado em 1632 por Rembrandt é um de seus mais famosos trabalhos (gosto muito também de A ronda noturna). Ele mostra um professor e alunos ao redor de um cadáver numa aula sobre o corpo humano. Reparando bem, ninguém tava muito interessado na aula e todos estavam preocupados mesmos em seus rostos aparecerem na pintura.
Pois bem. Nosso príncipe dos poetas brasileiros, Olavo Bilac, com muito criatividade e originalidade, resolveu, juntamente com colegas escritores, fazer uma paródia dessa famosa pintura:
Na foto, com assinatura de Bilac, aparecem: Olavo Bilac, Leôncio Correia, Henrique Holanda, Pedro Rabelo, o doutor Pederneiras, Álvaro de Azevedo Sobrinho e Plácido Júnior. O autopsiado é Artur Azevedo e o legista, com um sabre, é Coelho Neto.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A guerra sem fim

Infelizmente, testemunhamos com horror novos conflitos no Oriente Médio, na região da Palestina. Que esses povos de diferentes culturas resolvam suas questões sem acabar com a vida das pessoas e que as autoridades externas consigam mediar os desentendimentos, e alcançar a paz definitiva e tão sonhada por todos nós.

Constable, o pintor romântico

Tenho uma grande admiração pela obra do pintor inglês romãntico John Constable (1776-1837). Ele foi um dos artistas pioneiros na percepção e estudo da mudança dos efeitos da luz e condições atmosféricas na arte. Constable, que fez da natureza seu tema principal, dedicou-se à compreensão e desenvolvimento de novos caminhos para descrever a mutação.
Eis algumas de suas obras:
A carroça de feno 1821
The white horse 1819
A Catedral de Salisbury vista dos jardins do bispo 1823

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Adeus, Imperador da Pedra do Reino!

Infelizmente, a Caetana venho ao seu encontro. Como bem dissestes, "A vida é um espetáculo maravilhoso"!

Um bibliófilo imortal

José Mindlin (1914-2010) foi um repórter, advogado, empresário, escritor e bibliófilo brasileiro. Fundador da Metal Leve (vendida para uma empresa alemã) e apaixonado colecionador de livros. Aos 13 anos, José Mindlin entrou num sebo de São Paulo e comprou seu primeiro livro: um exemplar do "Discurso sobre a História Universal", volume datado de 1740 e escrito pelo bispo francês Jacob Bossuet. Aquele título seria a pedra inaugural de um empreendimento extraordinário. Ao completar 95 anos, acumulava um acervo de aproximadamente 40 mil volumes, incluindo obras de literatura brasileira e portuguesa, relatos de viajantes, manuscritos históricos e literários (originais e provas tipográficas), periódicos, livros científicos e didáticos, iconografia e livros de artistas (gravuras). Foi então considerada a maior biblioteca pessoal e também a mais importante do País. Em 2006, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
No mesmo ano, decidiu doar todas as obras brasileiras da vasta coleção pessoal à Universidade de São Paulo (USP). A partir de então, a biblioteca passou a ser chamada "Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin", (Guita era o nome de sua esposa já falecida). A USP digitalizou boa parte do precioso acervo de Mindlin na Internet.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Nada como um dia depois do outro...

Num mercado de escravos em Campinas, no fim da década de 1830, um molequinho de oito anos estragava a venda de um lote de escravos. Um abastado comprador, recusava-se a fazer lance, por julgar que o pequeno não interessava e até prejudicava o negócio do lote. Afinal, como o vendedor insistisse muito, ele resolveu fazer algumas perguntas ao garoto, a ver se encontrava nele alguma qualidade recomendável para efetuar a compra: - Onde nasceste? - Na Bahia- respondeu timidamente o pretinho, refugiando-se no meio dos seus companheiros de infortúnio. - Baiano... Nem de graça!- declarou o fazendeiro. E afastando-se: - Já não foi por bom que te venderam tão pequeno! Trinta anos depois, em São Paulo, Luiz Gama (1830-1882)- pois o pequeno não era outro senão o grande advogado, escritor e jornalista, uma das maiores figuras da campanha abolicionista- fez relações de amizade com o tal fazendeiro, que era o conde de Três Rios (1821-1893). E o velho titular que o recusara como escravo, orgulhava-se, então, de tê-lo como um dos seus melhores amigos.

Chico e comentários da Internet

Neste vídeo Chico Buarque fala sobre comentários que leu sobre ele, nas primeiras vezes em que navegou na internet. Realmente, a gente sempre pensa que só vai encontrar elogios...

O imperador e o telefone

"To be or no to be, that's the question" (Ser ou não ser, eis a questão), uma frase mundialmente conhecida, pronunciada por um certo príncipe da Dinamarca, oriunda da imaginação prolixa de Shakespeare. Merecendo até uma modificação de Oswald de Andrade: "Tupi or no Tupi, that's the question" (era uma pretensão do modernista transformar o idioma Tupi em língua nacional, um Policarpo Quaresma da vida). Esta frase também foi pronunciada por um personagem importante de nossa história, em um momento célebre. Em 1876, ocorreu a Exposição da Filadélfia, em comemoração ao centenário da independência dos Estados Unidos. Dom Pedro II foi até lá, e fez parte da comissão julgadora. Ao passar pelo estande de Graham Bell, o imperador foi convidado pelo inventor (os dois já haviam se conhecido, em Boston, na escola de surdos-mudos de Bell) para fazer o primeiro teste público do aparelho criado por ele-o telefone. Ele pediu ao soberano brasileiro que falasse alguma coisa. Dom Pedro II, em um de seus lampejos de erudição, disse ao telefone: "To be or no to be, that's the question." E ainda acrescentou "Meu Deus, isto fala!" Dom Pedro II foi um entusiasta do telefone. No mesmo ano (1876), Graham Bell recebeu a patente pela invenção do telefone. E um aparelho telefônico foi instalado no Palácio São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

"A escola de Atenas" Rafael

Este é um famoso afresco de Rafael Sanzio, "Escola de Atenas". Está localizado no Vaticano, e representa vários filósofos e pensadores da antiguidade. Foi pintada entre 1509 e 1510.
Vamos analisar essa pintura, e descobrir quais são as principais figuras nela representadas. Pequena curiosidade: essa é a sala em que a pintura se encontra, a Stanza della segnatura :

Habemus papam

"Habemus papam" (Temos um papa), como todo bom católico sabe, é o texto lido pelo cardeal decano (o mais velho dos cardeais da ordem dos diáconos), para anunciar a eleição do novo Papa. O anúncio é feito da varanda central da basílica de São Pedro, para todo o povo, e todo o texto é em latim. Diz-se o nome verdadeiro do papa, e o nome escolhido por ele como papa. Eis o texto em latim, e traduzido: LATIM Annuntio vobis gaudium magnum; Habemus Papam: Eminentissimum ac reverendissimum Dominum, Dominum (Nome), Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem (Sobrenome), Qui sibi nomen imposuit (Nome papal). TRADUÇÃO PORTUGUESA Anuncio-vos uma grande alegria; Temos Papa: O eminentíssimo e reverendíssimo Senhor, Senhor (Nome), Cardeal da Santa Romana Igreja (Sobrenome), Que se impôs o nome de (Nome papal). Para vocês terem uma ideia de como é antiga essa tradição, vejam só essa ilustração:
Este é o Habemus papam da eleição do papa Martinho V, em 1415. Isso mesmo, 1415! E esse costume é ainda mais antigo. Este vídeo é interessantíssimo. É uma compilação de todos os "Habemus papam", de 1939 até 2013. Apenas para que você possa se situar, aí vai a data de cada um dos anúncios, e o papa que havia sido eleito: 1- 2 de março de 1939- Pio XII; 2- 28 de outubro de 1958- João XXIII; 3- 21 de junho de 1963- Paulo VI; 4- 26 de agosto de 1978- João Paulo I; 5- 16 de outubro de 1978- João Paulo II; 6- 19 de abril de 2005- Bento XVI; 7- 13 de março de 2013- Francisco.

Ovo de Colombo, ou de Brunelleschi?

Sabemos que, Cristóvão Colombo (1451-1506), o grande almirante genovês, querendo demonstrar que as coisas mais simples, como considerava as suas descobertas, dependem muitas vezes de uma inspiração que só aos gênios ocorre, propôs que os seus críticos pusessem um ovo em pé, sobre um prato, o que ninguém conseguiu, a não ser ele, batendo simplesmente uma das pontos do ovo, que assim repousou sobre uma base plana. Daí surgiu a expressão "Ovo de Colombo".
Contudo essa mesma operação foi praticada muito antes por Filippo Brunelleschi (1377-1446).
O grande arquiteto florentino havia projetado uma obra formidável, que rompia com os preceitos góticos, tão em voga durante a Idade Média. Havia ele projetado cobrir com uma só cúpula as quatro naves da Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença, sem qualquer sustentáculo interior. Ideara um sistema no qual a construção serviria a si própria de ponto de apoio, num conjunto de gravidade equilibrada por forças contrárias ao próprio sistema. Os seus adversários e concorrentes, entretanto, condenavam o projeto, considerando-o inexequível. Um, mais impertinente, que pretendeu confundir o genial artista no meio de muitas pessoas gradas, perguntou-lhe: -"Acaso poderia o mestre mostrar aos que aqui estão, de maneira clara e precisa, como seria sustentada a sua cúpula?" Brunelleschi, abandonando a sala por alguns momentos, votou trazendo na mão um ovo, que bateu sobre uma mesa, dizendo: -"A cúpula se sustentará assim, tal como este ovo!" Tal como o ovo, que é mais de Brunelleschi do que de Colombo, a majestosa cúpula da Catedral de Florença se sustenta até hoje, como eloquente atestado do gênio daquele que Michelangelo dizia ser: "Difícil de imitar e impossível de exceder."

"A virgem do chanceler Rolin" (Jan Van Eyck)

Mais um quadro de Van Eyck para conhecermos. Este video é uma análise profunda e meticulosa de uma das pinturas a óleo, do fim da época gótica, "A virgem do chanceler Rolin". Não faz parte da série "Pinceladas de arte", mas da série "Paletas".

terça-feira, 15 de abril de 2014

Mafalda animada

Realmente não há quem não goste da Mafalda, a personagem criada pelo cartunista argentino Quino, é a epítome dos anos 1960, é o questionamento, a reflexão, a procura do entendimento do mundo, da busca pela paz. É um misto de inocência e maturidade, inquietude com o mundo e pensamento pueril. Mafalda é uma filosofa.
Que tal vermos Mafalda em ação, só que em vídeos? Eis alguns episódios de "Mafalda la serie animada", exibida na TV argentina. Os vídeos não têm falas, apenas as ações dos episódios, que são curtos.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

"O juramento dos Horácios" (Jacques-Louis David)

Mais uma belíssima pintura para analisarmos. "O juramento dos Horácios", de David, pintado em 1784, cinco anos antes do início da Revolução Francesa. A tela nos mostra três irmãos fazendo um juramento de antes de uma batalha, em que lutarão pela República Romana. Isso porém, trará consequências tristes para a família. David quis defender a importância do patriotismo e do dever pela pátria, acima da própria vida, dos próprios interesses. Eis o vídeo que explicará a história melhor. Bom aprendizado!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

A pirâmide de Paris

Quando o ilustre arquiteto sino-americano I.M. Pei, de 67 anos, apresentou a planta para um anexo do Museu do Louvre, em Paris, em 1984, provocou um polarizado debate doméstico. Ele ganhara fama, em 1964, com seu projeto para a Biblioteca Memorial John F. Kennedy, em Boston. E planejava construir uma pirâmide de vidro com mais de 21 metros de altura para servir como uma espécie de claraboia para as instalações subterrâneas do Louvre. Para os críticos, a proposta era mais adequada ao Egito do que à França; e protestaram que o arquiteto não deveria mexer com uma das instituições mais sacrossantas do país. O presidente François Mitterrand foi condenado por ter aprovado o plano. Mas quando a construção começou, a pureza de suas linhas e a reverência pela geometria- uma paixão francesa- reverteram a "batalha da pirâmide" a favor de Pei. Ele se sentia à vontade com museus: vencera a concorrência pela força da triangular Ala Leste, que construíra para a Galeria Nacional de Arte, em Washington, em 1978.
A pirâmide francesa foi inaugurada em 1989- exatamente um século depois de a Torre Eiffel nascer em meio a uma polêmica semelhante. Os visitantes ficaram maravilhados com os resplandescentes painéis de vidro emoldurados em uma rede de delgados cabos de metal. A obra-prima de Pei, construída onde antes fora um estacionamento, foi cercado por pirâmides menores. Descendo pela escada em espiral, havia novas instalações que deveriam livrar o Louvre de sua fama de um dos grandes museus menos atraentes do mundo.

Janelas para a arte

A pintura acima se chama Janelas abertas simultaneamente, foi pintada em 1912, pelo pintor cubista Delaunay. A obra faz parte da série "As janelas", na qual Guillaume Apollinaire se inspirou para escrever o poema As janelas. Eis um trecho do poema: "Do vermelho ao verde todo amarelo morre/ Quando cantam as araras nas florestas natais [...] Aves chinesas de uma asa só voando em dupla/ É preciso um poema sobre isso/ Enviaremos mensagem telefônica/ Traumatismo gigante/ Faz escorrer os olhos/ Garota bonita entre jovens turinenses/ O moço pobre se assoava na gravata branca/ Você vai erguer a cortina/ E agora veja a janela se abre [...] Ó Paris/ Do vermelho ao verde todo jovem perece/ Paris Vancouver Hyère Maintenon Nova York e Antilhas/ A janela se abre como uma laranja/ O belo fruto da luz" (Apollinaire, tradução de Décio Pignatari)

sábado, 5 de abril de 2014

"Os embaixadores" (Hans Holbein)

Mais uma belíssima pintura pra gente apreciar e esmiuçar. O quadro "Os embaixadores" foi pintado por Hans Holbein, em 1533, e retrata o encontro entre dois embaixadores franceses em Londres. O quadro está repleto de simbolismos, que o pintor colocou para aludir a tensão da época (A Igreja da Inglaterra estava prestes a se separar da Católica). Eis o vídeo e bom aprendizado! O vídeo não explica bem, portanto vou fazer uma breve explanação sobre o que estava acontecendo: o rei da Inglaterra, Henrique VIII, queria se separar de sua esposa Catarina de Aragão para casar-se com sua amante, Ana Bolena, por quem estava apaixonado. Portanto, pediu a permissão do papa para se divorciar de sua esposa. Como sabemos, a Igreja não permite a separação dos casais. Sendo assim, o papa Clemente VII se recusou a anular o casamento do rei com Catarina, e ainda mais pra ele se casar com a amante! Furioso com a negação do papa, o rei Henrique resolveu rejeitar sua autoridade. Declarou em 1534, a Igreja da Inglaterra (Anglicana) separa da de Roma (do papa), divorciou-se de Catarina e casou-se com Ana. Até hoje a Igreja Anglicana permanece separada da católica. Em 1536, porém, Henrique VIII deu ordens para que se decapitasse sua esposa, Ana Bolena, porque ela não conseguiu lhe dar o filho homem que nunca tivera! (e por suspeitas de adultério dela)...

terça-feira, 1 de abril de 2014

Rachel e o pronome oblíquo

A grande escritora cearense Rachel de Queiroz (1910-2003), responsável por sucessos de nossa literatura, como O Quinze, Memorial de Maria Moura e João Miguel também trabalhou como jornalista, escrevendo crônicas para jornais como O Povo de Fortaleza, O Estado de S.Paulo e a extinta revista O Cruzeiro. Em uma crônica publica no jornal O Estado de S. Paulo em 1996, ela nos conta o seguinte: "Me lembro de certa vez, quando colaborava no finado Correio da Manhã. Vi devolvida, riscada a lápis vermelho, uma frase iniciada por pronome oblíquo: 'Me parece...' O papel me voltou rodeado por um círculo vermelho, como um sol de fogo. E quem o traçara fora o próprio secretário do jornal, o dr. Costa Rego em pessoa. Meninas são atrevidas e eu ousei obtemperar (em lápis azul): 'Mas o Mario de Andrade escreve assim...' 'A senhora não se chama Mario de Andrade, corrija o texto.' Com mão de revolta corrigi o texto para 'Parece-me...' Acho que foi nesse dia que se agravou o meu surto comunista. Mas, revoltada embora, quem ousaria, naquela redação, discutir (principalmente português!) com o mestre Costa Rego?" (O Estado de S. Paulo, 16/11/1996)

domingo, 30 de março de 2014

"O Juízo Final" (Michelangelo)

A Capela Sistina é conhecida mundialmente por ser o local onde se realizam os conclaves. Quando o papa morre, os cardeais se fecham na capela e escolhem um novo pontífice. Desde 1492, os papas são escolhidos lá.
A capela também é conhecida por seus magníficos afrescos pintados por Michelangelo (1475-1564). O pintor renascentista decorou o teto e a parde do altar:
Na parede do altar, Michelangelo realizou uma de suas mais importantes obras, o afresco do Juízo final (1535-1541). A pintura representa o julgamento final da humanidade por Cristo.
Que tal conhecermos mais detalhadamente esta importante obra? Assista o vídeo e bom aprendizado!

quinta-feira, 20 de março de 2014

"Os fuzilamentos de três de maio" (Goya)

Em 1808, Napoleão Bonaparte, imperador da França, ordenou a invasão da Espanha, por motivos políticos. A família real tenta fugir, mas o povo invade o palácio, e impede sua fuga. O exército francês invade o país, e em 2 de maio de 1808, ocorre um levante do povo contra as tropas francesas. O desfecho é trágico: no dia seguinte, 3 de maio, várias pessoas são fuziladas pelo soldados franceses. O pintor espanhol Francisco de Goya, ficou indignado com o episódio. Alguns anos depois, em 1814, ele pinta um de seus mais famosos quadros, que retrata, eterniza e denuncia a violência do exército francês. O nome do quadro é Os fuzilamentos da montanha do príncipe Pio, mas conhecido por Os fuzilamentos de três de maio. Vamos analisar detalhadamente a pintura. Assista o vídeo, e bom aprendizado.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Neruda saúda Castro Alves

Pablo Neruda (1904-1973), poeta chileno que também se destacou por seus poemas sociais, homenageou o poeta baiano com o poema "Castro Alves do Brasil". Leia um trecho do poema: "Castro Alves do Brasil, para quem cantaste? Para a flor cantaste? Para a água cuja formosura diz palavras às pedras? Cantaste para os olhos, para o perfil cortado daquela que então amaste? Para a primavera?" (...) "-Cantei para os escravos, sobre os barcos como o cacho escuro da vinha da ira viajaram, e no porto o navio sangrou deixando-nos o peso do sangue roubado." ("Navio Negreiro")

O primeiro best-seller

O romance Os sofrimentos do jovem Werther, de J.W. Goethe fez um estrondoso sucesso quando foi publicado, em 1774. A explosão de sentimentos de Werther provocou uma forte reação entre a juventude da época. A obra representava uma nova ordem de valores e comportamentos, que se contrapunha frontalmente ao racionalismo do século XVIII. Os jovens começaram a se vestir como o protagonista da obra (com casaca azul e colete amarelo) e a viver paixões desenfreadas como a dele. Tanto que ,na época, ocorreu na Europa uma onda de suicídios! Quando Goethe e Napoleão se encontraram, em 1808, a conversa que tiveram foi sobre Werther, e o imperador francês confessou ao escritor ter lido a obra sete vezes. Provavelmente Os sofrimentos do jovem Werther foi o primeiro best-seller da literatura ocidental.

Inocência e o azulão

Ano passado, assisti no Canal Futura, o filme "Inocência" de 1983, dirigido por Walter Lima Jr. Fiquei encantado com a belíssima estória e as lindas paisagens (do Rio, não no sertão do Mato Grosso, onde se ambienta a narrativa, no romance). O filme é baseado no livro do Visconde de Taunay, e é considerado um dos últimos romances brasileiros. O elenco é maravilhoso, composto por Fernanda Torres (seu primeiro filme, Fernanda tinha 17 anos) que faz a protagonista Inocência. Edson Celulari como Cirino. E os já falecidos Sebastião Vasconcelos, que interpreta Pereira, pai da protagonista. Fernando Torres (pai de Fernanda) que no filme interpreta Cesário, padrinho de Inocência, entre outros atores. É muito emocionante a cena em que Cirino é morto por Manecão, vaqueiro a quem Inocência está prometida em casamento. Manecão descobre que Cirino estava tendo um romance com Inocência, e que era correspondido por ela. Enfim, sugiro que assistam o filme. Ou leiam o livro. Duas coisas me chamaram a atenção no filme. A primeira cena do filme é de uma crisálida, o casulo de uma borboleta. A última cena do filme já é uma borboleta formada, sobre a cruz de uma cova, provavelmente a cova de Cirino. Outra coisa que também gostei bastante é a música que toca no final do filme, enquanto passam os créditos. Não a conhecia, e achei-a muito bonita. Fiquei curioso para saber o seu nome e o seu autor. Memorizei o seu refrão "Vai azulão, azulão, companheiro, vai!" Ao ler, casualmente, um livro de fotobiografias, sobra a vida de Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, obtive a desejada informação. O nome da música é "Azulão" e, para minha grande surpresa, a letra da sensível canção, havia sido composta por Manuel Bandeira!(o mesmo poeta da horrível e insensível "Vou-me embora pra Pasárgada"). E a música é de Jaime Ovalle, grande amigo do poeta (já leram o "Poema só para Jaime Ovalle"?). No livro tinha até a foto da partitura. Que bela canção! Eis a música, na voz de Nara Leão:

terça-feira, 18 de março de 2014

Paulo Goulart, eterno

É triste quando perdemos um grande talento. Vá em paz!

Quem são os presidentes americanos esculpidos no monte Rushmore?

A partir da esquerda, as faces esculpidas no monte de Dakota do Sul são George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln. Além de simbolizarem os primeiros 150 anos da história americana, os presidentes representam respectivamente, a fundação, a democracia, a liderança em negócios internacionais e a igualdade americanas. A história do monte Rushmore começou em 1923, quando o historiador Doane Robinson teve a ideia de construir uma escultura gigantesca com os heróis do oeste para atrair mais turistas ao parque Black Hills, em Dakota. O projeto foi aprovado pelo congresso e as obras começaram em 1927. A primeira face esculpida foi a de Washington, seguida pelas de Jefferson, Lincoln e Roosevelt.

Saber fazer

Aos 4 anos ele tocava cravo, aos 12 compôs sua primeira ópera e aos 13 foi nomeado violino-mestre da corte em Viena. Com 17 anos, Mozart já era um veterano, solicitado não só para tocar, mas para lecionar. Durante uma aula em Salzburgo, em 1773, perguntaram-lhe como fazia para compor. "Essa é uma preocupação que vocês só devem ter daqui a alguns anos", disse. Na plateia, formada por jovens como ele, alguém indagou porque, já que Mozart compunha aos 10 anos. "É, mas eu não precisava perguntar como." Mozart, aos 14 anos, tocando em Verona. Retrato de Saverio dalla Rosa, 1770:

sexta-feira, 14 de março de 2014

"O casal Arnolfini" (Jan Van Eyck)

 


  Este quadro foi pintado em 1434 pelo flamengo Jan Van Eyck, e é considerado sua mais famosa pintura. Retrata o casamento do rico comerciante Giovanni Arnolfini e Giovanna Cenami.


 

Que tal explorarmos detalhadamente esta famosa pintura? Assista o vídeo e bom aprendizado!
                                 

terça-feira, 11 de março de 2014

Música e protesto




  Você tem o costume de ouvir música francesa? Eu não escuto com frequência, mas conheço algumas como ''Ne me quitte pas'', uma das minhas canções prediletas. Gosto muito também de "Scoubidou" (''Les pommes, les poires et les scoubidoubidou-ah"). Ela é do cantor Sacha Distel, e faz parte da trilha de um antigo filme da atriz francesa Brigitte Bardot (com quem Sacha teve um romance). A primeira vez que ouvi esta canção, comecei a dançar diante do espelho, ao seu som...

  Esta canção foi inspirada em uma música do compositor americano Lewis Allan "Apples, peaches and cherries", que fez muito sucesso com a cantora Peggy Lee.

  Lewis Allan é o pseudônimo de Abel Meeropol, poeta comunista, que ficou conhecido por ter adotado os filhos de Julius e Ethel Rosemberg. O casal Rosembrg foi executado na cadeira elétrica em 1953, pelo governo dos EUA, acusados de serem espiões soviéticos. Abel também é lembrado por ter feito o poema ''Strange fruit'' (estranho fruto) que era um protesto contra o linchamento de dois homens negros no sul dos Estados Unidos, que logo em seguida foram enforcados. Logo depois, Abel musicou o poema, que ficou conhecido mundialmente na voz de Billie Holiday, cantora americana negra, que todas as vezes que cantava a canção, chorava.

  Billie Holiday foi muito corajosa, pois naquela época a hostilidade a negros era grande. Além de ser negra, Billie insistia em cantar ''Strange fruit'', uma canção de protesto que fez muito sucesso na época. Tanto que a revista Time, em 1999, deu a música o título de ''A canção do século''. O estranho fruto de que fala a música, são os corpos de negros pendurados em galhos de árvore.

  É. Música é diversão, protesto, história e outras coisas...

domingo, 9 de março de 2014

Em tempos de lepo lepo o melhor é ser "antiquado"

Há quase duas décadas temos testemunhado o apocalipse da música brasileira com letras que denigrem a imagem feminina, cantando uma mulher extremamente interesseira e, sobretudo, ninfomaníaca. Talvez essa seja a impressão que alguma de nós deixamos para os homens quando vamos as festas e dançamos músicas vulgares com movimentos vulgares e vestidas a caráter, e ao final da “balada” depois de tantas latinhas e alucinógenos, beija-se todos e todas, sai-se da festa e... não lembra nada que aconteceu. Resultado: vídeos no youtube, fotos compartilhadas no facebook e no whatsapp de um comportamento um tanto comprometedor. Isso é o que a maioria da galera, dos jovens descolados fazem e escutam e, quem não segue essa “onda” é tachado de antiquado dominado pelos dogmas da caretice.Nesse cenário, prefiro ser retrógrada, não ir à balada e muito menos escutar o ran ran ran, o toda enfiada, o camaro amarelo, a doblô e variações. Prefiro voltar-me às minhas memórias e ouvir músicas que marcaram aquela época. A música faz parte de minha história há muito tempo, pequenina já curtia com meu pai, um fanático da jovem-guarda, Wanderléia, Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Sérgio Reis, Martinha, Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo, Vanusa, Renato e seus Blue caps, os Feveres... Na casa de minha avó materna ouviam-se os grandes clássicos da música sertaneja de raiz ou as toadas de vaqueiros. Barrerito, Tonico e Tinoco, Enezita eram alguns dos discos que tocavam na antiga radiola. Ouvia-se também os duelos de repentistas, cujos motes sempre versavam sobre a lida com o gado e a vida do sertanejo. Na casa de meu avô paterno, tínhamos Agnaldo Timóteo, Nelson Rodrigues, Nelson Ned, Dalva e Erivelton. A esse universo misturava-se as canções que tocavam no bar do primo Diassis, em Bernardo Vieira, da paraibana arretada, Elba Ramalho. Lembro-me que eu ficava pinotando na calçada do bar cantando “eu quero um banho de cheiro, eu quero um banho de lua, eu quero navegar...” Em Serra Talhada, meu pai um apaixonado por loiras geladas, ia para os bares e me levava junto. Enquanto ele se esbaldava com a cevada maltada, eu me deliciava com os tira gostos e inevitavelmente aprendia as canções de roedeira, Maísa com o seu refrão “meu mundo caiu...” e José Ribeiro, apaixonado, cantava “tens a beleza da rosa, uma das flores mais formosas...”. Ah, tocava também o inexorável Assisão e o seu “peixe piaba”. Durante minha infância, no Aaaaalto do Bom Jesus, os points eram o bar de Adalice e o bar de Macilene, não tinha pra ninguém, mas mesmo assim a bodega de Dona Maria Pedro era o lugar daqueles que queriam beber mais reservadamente. E ao som de Amado Batista, Roberto Muller, Maurício Reis e Adelino Nascimento, eu me entretia com os didas de coco que ela vendia. Na rua 4, além de briga todo final de semana, havia também forró. Era forró de arrastar o chinelo, realizado na garagem da casa de Chiquim. Naquela época, eu já ensaiava os passos de xote ao som de Luiz Gonzaga tramelando a farra dos adultos. Era uma animação sem fim! Quando ia para casa de um tio, lááááá no IPSEP, na época o fim do mundo, a imagem de tio Nezim, dedilhando um violão e cantando boleros era completamente envolvente, mas com um comportamento meio arredio, seu filho ficava em seu quarto ouvindo o maluco beleza do Raul. Mas foi com a TV, em preto e branco, especialmente os programas do Velho Guerreiro que eu conheci as canções de José Augusto, Biafra, Giliarde, Rosana, Kátia, Biquini Cavadão, Titãs, Roupa Nova, Capital Inicial, Rita Lee, Cazuza, Legião Urbana, Nenhum de Nós, Kid abelha, Leoni, Léo Jaime, Kid Vinil, Djavan, Milton Nascimento, Chico, Gal, Caetano, Bethânia, Oswaldo, Fafá, Elis, Ney Matogrosso, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Lulu Santos, Guilherme Arantes, Tim Maia, Alcione, Simone, Joana e tantos outros... Belchior lembra-me um colega, o qual convivemos da quinta série até o 3º ano, sempre que queria fila, ele cantava “eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco”... quanta saudade! Depois descobri Renato Teixeira, Almir Sater, Geraldo Azevedo, Elomar, Jorge Benjor, Pixinguinha, Adoniran Barbosa, Noel Rosa, Beth Carvalho, Tom Jobim, Luis Melodia, João Bosco, Ivan Lins e outros tantos consagrados, que já não fazem tanto sucesso entre os jovens do lepo lepo, mas que continuam na minha parada de sucessos. São canções cujas letras abordam o amor, as despedidas, os desencontros e reencontros, dificuldades, soluções... falam da vida e continuarão fazendo a história da música brasileira e dos brasileiros que optaram em ser “antiquados”. Professora Magda

quinta-feira, 6 de março de 2014

"O nascimento de Vênus" (Sandro Botticelli)



  Eu gosto muito de apreciar uma bela pintura. As minhas favoritas são a do período conhecido como renascimento. Quem não gosta de um belo quadro? A arte é algo gratificante de se contemplar. ''A arte existe porque a vida, por si só não basta.'' Disse uma vez Ferreira Gullar.

  Agora, todas as quintas-feiras (quando eu puder, claro), iremos analisar detalhadamente, famosas pinturas, vamos conhecer o contexto em que foram pintadas, e o significado de cada detalhe, ou da obra em geral. Que legal não é? Ás vezes, pinturas que nos acostumamos a ver nos livros da escola, mas nem sabemos a história que ela conta, o que ela significa, como era a época em que foi pintada.

  Descobri, no Youtube, uma série ótima (que eu acho que passava na TV Escola), chamada ''Pinceladas de Arte''. Cada programa, analisa-se uma pintura diferente.

  Você, certamente, já deve ter visto esta pintura:

  Intitula-se ''O nascimento de Vênus'', foi pintada em 1483, por Sandro Boticelli, e está localizada na Galleria degli Uffizi, em Florença, na Itália.

  Que tal ''esmiuçar'' esta famosa pintura? Eis o vídeo e bom aprendizado:

O sorriso enigmático (ficção)




  Mesmo depois da proteção de vidro, de tanto, tanta segurança, a Mona Lisa foi novamente roubada do Museu do Louvre.


  - De novo? ''Mon Dieu!''

  - Pelo menos sabemos que, dessa vez, não foi nem o Apollinaire, nem o Picasso.

  - E agora? O que faremos?

  -Enquanto não se recupera, vamos arranjar uma substituta.

  -Já sei. Coloca uma foto de Clarice Lispector. É mais ou menos a mesma coisa...

terça-feira, 4 de março de 2014

O melhor programa de entrevistas




  Alguém ainda tem alguma dúvida de que o melhor programa de entrevistas da televisão brasileira, é o ''Roda Viva'' da Cultura? Que programa excepcional. É, na minha modesta opinião, o mais sério e de mais credibilidade. É também o mais antigo. Naquela cadeira cadeira só senta quem é influente, quem, cuja seu trabalho é importante para o Brasil (se bem que até hoje não entendi o porquê do Rafinha Bastos ter sido entrevistado lá). Sem contar as charges do Paulo Caruso.

  Só pra você ter uma ideia, por lá já passaram todos os presidentes do Brasil, desde Sarney, todos os prefeitos de São Paulo, desde Mario Covas, Gilberto, Caetano, Tom, Niemeyer, Lygia Fagundes Telles Telles, José Saramago, Fidel Castro (o imortal), entre outros. Não é á toa que o slogan do programa é ''O Brasil passa por aqui''. O Brasil e o mundo aliás.

"A gente morre é pra provar que viveu"






  Guimarães Rosa era muito supersticioso. Por mais de quatro anos, adiou sua posse na Academia Brasileira de Letras, porque tinha certeza de que, assim que assumisse a sua cadeira, algo de muito ruim lhe aconteceria. Finalmente, depois de muita insistência dos outros membros, no dia 16 de novembro de 1967, foi o dia de sua posse.

  No discurso proferido, Rosa diz, entre outras coisas: ''A gente morre é pra provar que viveu. (...) As pessoas não morrem, ficam encantadas''.

  Três dias depois, Guimarães Rosa sofre um infarto. Infelizmente, ninguém pode lhe ajudar no momento do ataque: sua esposa havia saído para a missa e Rosa morre sozinho, aos 59 anos, em seu apartamento.

Os funerais de Balzac



 
  Eis como o jornal ''Le Moniteur Universel'', de quinta-feira, 22 de agosto de 1850, noticiou o enterro do grande escritor francês:

  ''Hoje, ao meio-dia, realizaram-se os funerais do Sr. Honoré de Balzac. O cortejo partiu da capela de Roule, bairro Saint-Honoré. A literatura, as ciências, as artes estavam representadas nessa triste cerimônia. Seguravam as alças do caixão os Srs. Ministro do interior, Victor Hugo, Alexandre Dumas e Saint-Beuve. Entre os assistentes se achava o Sr. Barão de Rotschild.

  Ao sair da igreja de São Felipe de Roule, o cortejo seguiu pelos boulevards até o cemitério de Père-Lachaise.

  Quando o féretro desceu à sepultura, o Sr. Victor Hugo pronunciou um discurso.

  Depois do Sr. Victor Hugo, o Sr. Desnoyers , presidente da Sociedade dos Homens de Letras, pronunciou algumas palavras''.

  E só.

"A última sessão"




  Acho que é só nesses casos que a gente tem vontade de morar em São Paulo. Adoraria assistir a esta peça teatral ''A última sessão''.

  A comédia dramática é escrita e dirigida por Odilon Wagner, e é exibida no Teatro Frei Caneca. O elenco é maravilhoso: Laura Cardoso, Nívea Maria, Etty Fraser, Sônia Guedes, Sylvio Zilber, Miriam Mehler, Gésio Amadeu, Gabriela Rabelo, Yunes Chami e Marlene Collé. Repletos de experiência e talento, eles interpretam um grupo de velhos amigos que, semanalmente, encontram-se para um almoço. Durante a refeição, esses personagens, que têm entre 75 e 85 anos, revivem o passado, acertam dívidas pendentes e-acreditem- também projetam um futuro. ''A gente faz as contas e juntos somamos mais de 570 anos só de carreira artística'', brinca Odilon Wagner, de 59 anos. ''Imagine se a gente incluir no cálculo a idade de cada um de nós?''